Maior hidrelétrica de Goiás está gerando menos energia atualmente do que em agosto de 2001

Também de acordo com dados da ONS, a usina de Itumbiara é capaz de produzir cerca de 2.083 MW (megawatt), no entanto, com a quantidade de água acima das turbinas (volume útil) em baixa, a planta acaba gerando menos energia.

Segundo Furnas, que administra a usina, na segunda-feira (6) a geração média de energia da unidade foi de 388 MW, o que corresponde a 19% da sua capacidade.

Na mesma data em 2001, o nível do reservatório era de 11,8%. Aplicando a mesma proporção, a produção era de 21,3% da capacidade, portanto 437 MW – mais do que é produzido atualmente.

O engenheiro explicou ainda como funciona a capacidade de produção energética das usinas quando têm baixo volume de água nos reservatórios.

“Esse volume útil não muda a capacidade da usina, mas limita a geração de energia [para que o nível não abaixe a ponto de não ter mais água suficiente]. O que se faz é não gerar tudo para não descer muito [o nível da água], ou gerar de acordo com a quantidade de água que chega”, explicou o engenheiro eletricista Victor Bitencourt.

Nível de reservatório da Hidrelétrica de Itumbiara
% de volume acima das turbinasago/2001ago/2002ago/2003ago/2004ago/2005ago/2006ago/2007ago/2008ago/2009ago/2010ago/2011ago/2012ago/2013ago/2014ago/2015ago/2016ago/2017ago/2018ago/2019ago/2020ago/2021020406080100

ago/2021
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Fonte: ONS

Essa “quantidade de água que chega” é chamada de afluência. Segundo a ONS, o Brasil enfrenta, atualmente, as “afluências mais baixas dos últimos 91 anos no Sistema Interligado Nacional (SIN)”.

Apesar da situação delicada, o órgão destacou que “está tomando todas as medidas técnicas e operacionais cabíveis para manter a continuidade do atendimento ao consumidor de energia elétrica no Brasil”.

A ONS mapeia e avalia as usinas que fazem parte do SIN. Além dessas unidades, segundo o próprio órgão, há geradoras menores que também comercializam energia, mas não integram o sistema, portanto não estão mapeadas pelo Operador.

Locais de dez hidrelétricas em Goiás — Foto: CGA/TV Anhanguera

Locais de dez hidrelétricas em Goiás — Foto: CGA/TV Anhanguera

A ONS oferece dados sobre o nível de reservatórios e produção de energia de dez hidrelétricas em Goiás. Confira abaixo porcentagem média da quantidade de água em cada usina em agosto e quanto cada uma gerou em MW no registro mais recente:

Usina Batalha – em Cristalina
Volume útil médio de agosto de 2021: 21,6%
Capacidade: 53 MW
Gerou em 2 de setembro: 8 MW

Usina Caçu – em Caçu
Volume útil médio de agosto de 2021: 96%
Capacidade: 65 MW
Gerou em 2 de setembro: 14 MW

Usina Corumbá – em Corumbaíba
Município de Corumbaíba
Volume útil médio de agosto de 2021: 67%
Capacidade: 375 MW
Gerou em 2 de setembro: 127 MW

Usina Corumbá 3 – em Luziânia
Volume útil médio de agosto de 2021: 88%
Capacidade: 96 MW
Gerou em 2 de setembro: 32 MW

Usina Corumbá 4 – em Luziânia
Volume útil médio de agosto de 2021: 62%
Capacidade: 127 MW
Gerou em 2 de setembro: 45 MW

Usina Espora – em Aporé
Volume útil médio de agosto de 2021: 47%
Capacidade: 32 MW
Gerou em 2 de setembro: 20 MW

Usina Itumbiara – em Itumbiara
Volume útil médio de agosto de 2021: 11%
Capacidade: 2.083 MW
Gerou em 2 de setembro: 439 MW

Usina São Simão – em São Simão
Volume útil de agosto de 2021: 20%
Capacidade: 1.710 MW
Gerou em 2 de setembro: 710 MW

Usina Serra do Facão – em Campo Alegre de Goiás
Volume útil de agosto de 2021: 24%
Capacidade: 213 MW
Gerou em 2 de setembro: 100 MW

Usina Serra da Mesa – em Minaçu
Volume útil de agosto de 2021: 27,3%
Capacidade: 1.275 MW
Gerou em 2 de setembro: 824 MW

Reservatório de hidrelétrica em Goiás - imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Reservatório de hidrelétrica em Goiás – imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Consequências

 

Para continuar suprindo a demanda de energia elétrica mesmo com as hidrelétricas gerando menos, o engenheiro eletricista Victor Bitencourt explicou que é necessário acionar usinas térmicas que também produzem energia, mas de forma mais cara.

“Nessa crise, o comitê de monitoramento elétrico precisa acionar as térmicas emergenciais, que têm um sistema a partir de diesel comum, o mesmo do caminhão. Em Goiás temos quatro dessas. O problema é que o custo é bem mais alto”, avaliou.

Um gráfico da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostra que a média do preço no Centro-Oeste é de mais de R$ 580 – o mais alto dos últimos três anos.

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